domingo, 29 de maio de 2011

Avaliação da Intervenção: Segurança Alimentar em Feiras

21Na sequência da anterior publicação “Segurança Alimentar em Feiras e Eventos Temporários”, chega agora o momento em que poderei partilhar a minha avaliação, decorrente da aplicação deste projecto, que teve como principal objectivo acompanhar in loco a instalação de operadores do sector alimentar em feiras e eventos temporários, ou seja, avaliar as condições higio-sanitárias dos espaços e das operações antes do evento iniciar e posteriormente, durante a laboração.
De uma forma geral gostaria de focar, que antes de iniciarmos o projecto,  receávamos que os comerciantes não nos recebessem de bom grado, pois para além de podermos atrapalhar as operações no momento da vistoria, iríamos provavelmente identificar alguns aspectos que os mesmos saberiam à partida que não estariam correctas. Mas na realidade fomos bem recebidos, e sentimos que as nossas recomendações foram valorizadas, uma vez que a maioria dos estabelecimentos realizou as alterações propostas no momento da vistoria. O guia de boas práticas e as instruções de trabalho revelaram-se bastantes úteis e foram utilizados logo no local. Por último,  a atribuição de um certificado de desempenho, que iria distinguir o operador que evidenciasse as melhores práticas em termos de higiene e segurança alimentar, revelou-se um elemento que colocou em jogo alguma competição o que, a meu ver, foi bastante vantajoso.

Abordando agora as conclusões que retirei após todas as vistorias, passarei a descrever sucintamente as que a meu ver requerem maior atenção:
Inicialmente pensei que, uma vez que as estruturas afectas a estes espaços não eram as ideais, a aposta nas boas práticas de higiene e fabrico seria o ponto chave na nossa actuação. Contudo, ficou bem claro no local, que as deficiências estruturais interferiam profundamente na forma como os manipuladores de alimentos actuavam. Por exemplo, se no espaço não existirem pontos de água suficientes para as operações a desenvolver, como posso garantir uma boa higiene quer dos manipuladores, quer dos alimentos e equipamentos/utensílios? Se o espaço não me permitir armazenar conveniente os alimentos, como posso garantir a sua conservação?

Estas foram algumas das dificuldades sentidas durante a intervenção, as quais me levaram a compreender que todos estes aspectos dizem respeito a uma cultura de segurança alimentar que deverá existir e estar presente em todos os intervenientes que vão desde, aquele que cede/aluga o espaço, o qual deverá garantir as condições necessárias à laboração, e em simultâneo o operador do sector alimentar, que deve trazer consigo uma identidade de segurança alimentar que seja evidente em todos os seus funcionários.  Surge então outra questão que interfere em todo o raciocínio apresentado anteriormente. Nestas feiras são representados restaurantes de todo o país, querendo isto dizer, que o restaurante propriamente dito, não encerra sempre que o mesmo está a ser representado nestes eventos, o que em termos de recursos humanos gera alguns problemas. Uma forma de contornar estes problemas é contratar pessoas, muitas delas sem formação em higiene e segurança alimentar, exclusivamente para trabalharem durante estes eventos! Embora esta seja a solução aparentemente mais económica, resulta na dissolução de uma cultura de segurança que deveria estar bem presente em qualquer espaço onde se manipule alimentos, seja ele em contexto de feira e/ou eventos temporários.

Ainda assim, é de realçar que existiram estabelecimentos, que dentro das condições que lhe foram oferecidas, revelaram uma performance em termos de higiene e segurança alimentar notável, os quais foram reconhecidos pela atribuição do certificado de desempenho!

Para finalizar, e a titulo pessoal, penso que a intervenção se revelou bastante profícua, uma vez que a nossa presença durante todo o evento incentivou a adopção de boas práticas, sensibilizou os mais interessados e alertou os mais despreocupados!

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